THE KING OF COCADA

Vou ter que deixar a criança dentro de mim gritar com os demônios que me atormentam e tentar me aproximar de mim mesmo novamente com alguma obra que seja exclusivamente sobre mim. Preciso deixar que minhas faces de palhaço urbano-rural se sobressaiam e não mais ter medo de deixar-me guiar pelo inconsciente desnaturado amoral. Preciso mas não sei se consigo. Preciso mas nem ao menos sei se quero. Palavras soltas batendo asas entre meus neurônios estão em fuga. Criatividade nula. Desespero... De-ses-pe-ro!!! Onde estão as idéias, por onde procura-las, onde consegui-las, em qual árvore colher essa desgraça? Puta que pariu, e amigos insensatos me enchem o saco prá fazer obras idiotas com títulos como "Uma Vagabunda Para Os Mortos-Vivos" com garotas bonitas peladas fazendo sacanagens com zumbis carniceiros no meio do mato... Caralho, preciso que o meu sangue volte à circular nas veias, preciso segurar a bandeira negra nas mãos e com ela colocar minhas personagens para viver!!! VIVER!!!... A epópeia sobre pessoas medíocres em busca da luz, The King Of Cocada e suas mulheres gordas bizarras lindas, pede por atenção. A comunidade libertária dos mendigos por opção precisa ver a luz. Preciso sentir o sangue circular. Preciso desafiar-me. Preciso filmar algo com mil personagens fazendo tudo diferente ao mesmo tempo. Minha árvore da orgia precisa ganhar corpos suados se contorcendo nos galhos em busca do prazer com gritos histéricos meus, seus, nossos, de todos numa comunhão (que não sei nem como nominar-denominar). Estou sendo sufocado pelas limitações dos outros? Estou arranjando desculpas para minha própria falta de talento? Quero minhas idéias baiestorfianas de volta!!! Quero fazer filmes que somente darão prazer para mim, quero avacalhar com meus sentidos antes de tudo e, talvez, atordoar alguns poucos ouvintes das minhas lamúrias cheias de xaropadas que não interessam prá ninguém. Preciso voltar à sentir o sangue correr. Preciso deixar de ouvir as pessoas ao meu redor e ter somente reuniões com minha loucura. Quero ganhar um boquete bem feito da imaginação, quero comer o rabo da criatividade, preciso voltar à sentir o sangue correr, o coração pulsar com batidas tribais em ritmo de viagens psicobucólicas sem fim. Preciso brincar no quintal de vossos crânios... e acho que vou fazer isso mesmo agora novamente sempre para sempre.