Tuesday, May 16, 2006

ENTREVISTA COM MOJICA feita em 1995 por mim e Coffin Souza numa viagem prá Goiânia.

Postarei uma pergunta e resposta por dia:

1- Mojica, no livro “Maldito” sobre sua obra, tem um capítulo que se chama “Zé Do Caixão Contra A Embrafilme”, como foi a briga com os produtores enquanto a maior parte dos filmes brasileiros feitos com dinheiro tinham um monte de privilégios, muito gastos e pouca criatividade e Mojica sempre produzindo com pouca, ou nenhuma, grana. Como foi essa briga de produzir?

Mojica: Houve muito problema com a Embra que sempre me procuravam quando precisavam fazer uma mídia comigo, quando era hora não faziam nada comigo. Porque você ia nos anos 80 na Embra, não eram funcionários da Embra, eram diretores que ficavam sentados lá, então eles tomavam conta da Embra, então toda a grana que sai lá, saia realmente prá Embra. Aí eu revoltado, com uns amigos me dando força, como o próprio Rogério Sganzerla, eu tava afim de fazer um escândalo grande, porque houve um problema comigo de um filme meu que tinha que ir prum festival e eles queriam legenda em inglês. Aí falaram que não tinha problema, que podia mandar prá Espanha até com a própria língua portuguesa. E eles mandaram uma fita da época, invés de mandar a minha fita prá um festival de Cine Fantastique, um festival de terror, mandaram uma fita do Oscarito. Fiquei puto. Ficou anunciado o filme no festival, passagens que iam me dar. Não fizeram porra nenhuma, queriam mandar o pessoal do Rio, Cômicos, prá festival sério, de terror. Isso me trouxe revolta e antes que eu abrisse a boca no trombone... (pausa, Mojica começa nova história com a Embrafilme) ... Aí houve um concurso dentro da Embra que o diretor que tivesse mais mídia ia ganhar verba prá fazer um filme, porque eles tinha um cara que queriam pôr, pessoa deles. Só que no acervo da Cinemateca, sem querer o cara da Embra deu uma olhada e viu que o que tinha de reportagem minha ia até o teto, aquilo ia mela tudo, aí teve lá o Mann... Sei lá ... ( Mojica meio que desconversa ou se perdeu mesmo na resposta) ... O Museu que eles cobriram e começaram pôr meu material que ia cobrir o teto todo, por zebra pegou incêndio e males dos males só queimou meu material, de nenhum outro diretor queimou, não queimou de ninguém da Embra, de ninguém do Rio. Saiu “incêndio” não sei o que e ninguém falou em incêndio criminoso, disseram que foi incêndio acidental, só queimando reportagens sobre José Mojica Marins. Foi realmente não só o fato de não me ajudarem, mas o fato de perseguição, porque eu nunca quis entrar na panela carioca. Sou amigo de muitos deles, mas não quero fazer parte de panela e a minha moral com eles como cinema ficou realmente por fora.
* essa entrevista, na integra, será publicada na revista "Voodoo" da Monstro Discos.
Pedidos com marciomechanics@unb.br

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