Monday, May 29, 2006

O MONSTRO LEGUME DO ESPAÇO 2






As filmagens da segunda parte do trash-movie "O Monstro Legume do espaço" (o original é de 1995) já está quase toda filmada. Postarei as vezes algumas fotos, essas de hoje são em homenagem ao Pedro Monstro Legume (que manteve vivo o nome Monstro Legume no orkut esses anos todos) e a dupla Jack Zombie e Roger Psycho (que sempre nos apoiaram com palavras de incentivo).

Sunday, May 21, 2006

8 & 9 (perguntas finais)

8- E o filme novo, a continuação dos filmes do Zé Do Caixão???

Mojica:
Olha, o “Encarnação do Demônio” tem uma boa verba arrecadada, eu já falei com o pessoal da Olho de Cão, né, caso a gente não tenha até maio uma verba da Petrobrás, se não sair, de qualquer maneira é um filme que tem firmas de comerciais interessadas em entrar com o dinheiro e a própria Columbia se interessou em financiar uma outra parte. Mas com o dinheiro que eles tem, eu faria o Encarnação sossegadamente, mas eles querem que eu tenha, que eu possa dizer que eu fiz uma fita de milhões, então tudo bem, eu vou fazer. Mas eu não vou sair da minha meta, eu vou prosseguir no meu caminho. Vou tentar bolar alguma coisa fiferente, afinal de contas estamos no terceiro milênio, a gente vai ter, o público pode estar certo que vai ver cenas horripilantes. Eu devo começar alguns testes meio loucos. Eu tenho uma cena que adaptei no roteiro que um cara punha uma panela com dois maçaricos e um rato que iria furando a mulher prá entrar dentro dela e esse rato é um camundongo que entra pela xoxota dela. E isso eu vou conseguir nessa fita.

9- Mensagem ao pessoal que faz filme independente?

Mojica:
Você que entra dentro da luta da comunicação qualquer, a verdade é que tudo é luta, nunca diante de um problema você baixa a cabeça, você sempre tem que ir em frente e saber que quem venceu foi porque lutou, nada cai do céu, dinheiro não nasce em árvore, e se você não pôr sua mente à funcionar, você não chega lá!!!

Saturday, May 20, 2006

6 & 7

6- O personagem Zé Do Caixão nunca foi um vilão propriamente dito, era um personagem que tinha convicções muito fortes, defendia as suas próprias ideologias, principalmente a religiosa. Você teve muitos problemas na época por ele ser Ateu, como foi a reação religiosa, na época, sobre a personagem Zé do Caixão ???

Mojica:
No início fui mais perseguido pelos padres do que qualquer outra pessoa, o que despertou interesse da ditadura em cair em cima de mim porque achava que eu ia contra os princípios religiosos. Eu era católico por formação, somente não freqüentava igrejas porque fiquei desiludido com passagens que aconteceram no passado, né, entrei em igreja prá seguir procissão mas porque cheguei atrasado padre queria me por prá fora com uma porrada de gente falando palavrão dentro da igreja, porra, em 1963 justamente no ano em que nasceria o Zé, fiquei doido da vida, então pensei: “Eu não venho mais...”. Se eu tenho na padroeira, não importa, eu tenho fé, eu acredito nela, pode não acontecer nada é o mesmo caso, o cara acredita num maço de cigarro e tem fé nisso pode acontecer alguma coisa. Não to dizendo que ela é a milagrosa e tudo isso, eu acredito nela, mas não quero que os outros acreditem.



7- O que é o verdadeiro Horror Nacional?

Mojica:
O Brasil é realmente um país esquisito. Como o pessoal fala lá fora o Brasil tem cara de bunda e bunda só solta merda então realmente é um terror, mas um terror em todos os sentidos, em tarados, temos tarados de todos os tipo imagináveis, o que chamariam de pedofilia aí com crianças, aí por este nordeste o que eles pega de crianças só prá mandar prá fora, e não mandam crianças só prá putaria, mandam prá fora prá tirar órgãos, eles compra as pessoas. Aqui existe o tráfico realmente de órgãos que é nojento, é um terror fantástico, até os médicos são corruptos, fazem o cara morrer prá doar as coisas, aí já entra nessa parte de corrupção e as drogas, daqui a pouco as drogas já estão dentro das creches com criança de 6, 7 meses colocando drogas dentro das mamadeiras, então, não é difícil se isso acontecer no Brasil. A violência é demais, você sai de casa e não sabe se volta. No Brasil se tira a vida até por dez reais, não há respeito pela vida humana. É doloroso. O político é o cara mais sem-vergonha que já apareceu, realmente ele acaba de te abraçar, você sai e diz “tomara que um raio caia na cabeça dele!”. O político não é amigo de ninguém, ele está acabando com o que era nosso maior tesouro, a humildade, a solidariedade, a irmandade. Ninguém mais tem isso, não é igual aquele que dizia “onde com um come dois!”, aqui agora é onde come um possivelmente só come meio. Não se convida ninguém prá comer. Aí esta realmente o terror que estamos enfrentando.

Friday, May 19, 2006

4 & 5 (porque são pequenas)

4- No polemico filme “A Quinta Dimensão Do Sexo” que você apenas dirigiu, tem uma seqüência fantástica que tem uma personagem feminina fugindo no meio do mato enquanto os dois vilões da história ficam fazendo um omelete, quem bolou a cena e montou aquilo?

Mojica:
A cena diz que tudo é um omelete, essa coisa, enquanto uma pessoa ta morrendo os outros estão interessados em fazer um omelete... (Mojica dá uma paradinha prá pensar, estava claro que não gostou da pergunta)... Eu procurei mostrar que a vida é um omelete, só isso!!!

5- Candeias, Sganzerla foram seus amigos, poderia falar sobre esse pessoal independente e criativo da época:

Mojica:
O Candeias eu acho que foi criativo mas eu acho que ele foi um elemento que trabalhou na prefeitura, ele tem uma boca lá dentro, tira sempre uma verba, faz umas fitas econômicas mas o Candeias não se importa com o público, ele se importa em fazer uma fita e... e, ele mesmo fala comigo: “Olha, se o povo quiser assistir, se quiser passar, passa, o problema é que eu fiz!!”. Ele faz, vai na prefeitura, onde ele tirou o dinheiro, mostra que fez a fita, não há interesse nenhum em fazer uma fita comercial. Porque ele acertou na mosca quando ele fez “A Margem”, depois ele começou a procurar a margem e nunca mais achou, procurou fitas, fitas, fitas... Ele é um homem que deve ter aproximadamente de 40 à 50 filmes, feitos sempre com dinheiro de fora e fitas que nunca passaram e continuam recebendo dinheiro de fora, mas não deixa de ser um batalhador, não é aquele cara que vai lá e tira o dinheiro prá anos, tira o suficiente prá viver um ano, aí pensa noutra fita e assim por diante, então não é o cara que tira prá montar o seu apartamento, ter a sua amante nova, o Candeias não é deste tipo. A gente respeita ele muito, o importante é que ele faz.

Thursday, May 18, 2006

2 & 3 (porque ontem foi um dia cheio e não deu tempo de postar nada aqui)

2- Como foi fazer o “Exorcismo Negro” com dinheiro do Massaini e enfrentar ao mesmo tempo o diabo americano do “O Exorcista” ?

Mojica:
A idéia na época foi de lançar o filme aqui antes do “Exorcista”, isso era idéia da Cinedistri. Ela me deu recursos, né, latas, tudo que eu precisei, foi uma das fitas que realmente eu fiz com recursos, não vou dizer aqueles super recursos, mas aquilo de perguntar “eu quero uma agulha!” e você tinha a agulha, mas o grande problema, havia coisas que se podia fazer mais avançado mas mesmo a Cinedistri com poder financeiro preferia que eu fizesse aquelas coisas mais artesanais. Isso atrasou um pouco, mesmo eu sendo muito rápido. Eu fiz o “Exorcismo Negro” em filmagem de 15 dias. Uma fita complicada que eles esperavam que eu fizesse em uma semana, mas foi negado uma série de coisas, me puseram artistas globais que eu não vi nenhuma força nisso, uma das coisas que me deixaram fazer foi o meu mundo com o meu pessoal, uma espécie de inferno dentro da coisa e foi o que mais a crítica falou, lá ta o Mojica que foi quando eu não mais fui pressionado, porque eu tinha um assistente, o Walter Stuart foi meu assistente e era uma pressão, até que o Walter chegou prá eles e falou: “Não dá prá descobrir de que maneira ele filma, ele faz lá de um jeito atrapalhado, prá pegar o sistema dele rápido não tem jeito.” Então me deram essa liberdade e realmente fiquei contente porque saiu minha marca numa parte da fita, mas aí houve o atraso com problemas de montagem e essa coisa toda e “O Exorcista” acabou saindo na frente, assim mesmo, com a mídia toda, (Mojica emenda a história aqui com um salto na narrativa) eu vim fazer discurso na porta do cinema, fala pelo mundo de diabos que nós temos aqui e o diabinho verde que eles conseguiram com coisas, né, o pessoal prestigiando pensava que ia ter prestígio (a frase termina assim mesmo). Neste dia eu me lembro que eu tava num palanque, bateu a policia federal, que já havia sido dedado por alguém que não sei quem, me pegou eu e meu segurança, o Satã, nos colocaram num carro e ficaram só rodando, rodando, porque no fundo eles achavam que não deviam fazer uma maldade comigo, que eu tava só defendendo um negócio brasileiro, falaram que tavam me pegando porque eu tava falando sobre política, mas então foi um erro. Porra, eu ia estar na frente de um cinema prá falar de política!!! Aí, na outra semana eu aproveitei a sala de espera das salas de cinema e na saída de quem via “O Exorcista” e fiz a mesma coisa. “Exorcismo Negro” foi um filme feito com poucos recursos, não foi essa grana toda que se imagina, a produção foi bem cuidada, mas não teve tanto dinheiro assim, conseguiu reaver o dinheiro em 3 semanas, só em prêmios da Embra já se tirou o que se gastou na fita toda. Eu fiz um erro, no desespero do natal quis dar presente pro meu pessoal, eu tinha na fita 20% que acabei vendendo a preço de batata que você chegava lá no prêmio o que seria hoje uns 30 pau e por menos de 2 mil reais eu vendi na época só prá dar um presentinho pro pessoal.

3- Mojica, com esse renascimento do cinema brasileiro que se fala atualmente, não estaria faltando uma nova Boca do Lixo, com produções independentes e divertidas que atinja o público ?

Mojica:
O que eu to vendo que se gasta num filme, 4, 5 milhões, no Brasil não se paga. Eu acho que tão pegando muito dinheiro. O dinheiro continua saindo, temos gente independente ainda da época da Boca, os filhos que herdaram continuaram a luta e acho que deveria ter uma excursão do cinema independente e ir a Brasília e tentar falar diretamente com o Lula e tentar realmente reativar essa Boca e fazer cinema independente, mas cinema prá ganhar dinheiro, não cinema que eles fazem hoje, onde já tiram o apartamento deles, tiram o carro, as televisões, que eles jogam 2 milhões na fita e vem lá 5, 6 milhões, entende. São pessoas que querem ganhar antes de fazer a produção, então eu sou contra isso. Eu sou contra fazer com muito dinheiro que não precisa.

Tuesday, May 16, 2006

ENTREVISTA COM MOJICA feita em 1995 por mim e Coffin Souza numa viagem prá Goiânia.

Postarei uma pergunta e resposta por dia:

1- Mojica, no livro “Maldito” sobre sua obra, tem um capítulo que se chama “Zé Do Caixão Contra A Embrafilme”, como foi a briga com os produtores enquanto a maior parte dos filmes brasileiros feitos com dinheiro tinham um monte de privilégios, muito gastos e pouca criatividade e Mojica sempre produzindo com pouca, ou nenhuma, grana. Como foi essa briga de produzir?

Mojica: Houve muito problema com a Embra que sempre me procuravam quando precisavam fazer uma mídia comigo, quando era hora não faziam nada comigo. Porque você ia nos anos 80 na Embra, não eram funcionários da Embra, eram diretores que ficavam sentados lá, então eles tomavam conta da Embra, então toda a grana que sai lá, saia realmente prá Embra. Aí eu revoltado, com uns amigos me dando força, como o próprio Rogério Sganzerla, eu tava afim de fazer um escândalo grande, porque houve um problema comigo de um filme meu que tinha que ir prum festival e eles queriam legenda em inglês. Aí falaram que não tinha problema, que podia mandar prá Espanha até com a própria língua portuguesa. E eles mandaram uma fita da época, invés de mandar a minha fita prá um festival de Cine Fantastique, um festival de terror, mandaram uma fita do Oscarito. Fiquei puto. Ficou anunciado o filme no festival, passagens que iam me dar. Não fizeram porra nenhuma, queriam mandar o pessoal do Rio, Cômicos, prá festival sério, de terror. Isso me trouxe revolta e antes que eu abrisse a boca no trombone... (pausa, Mojica começa nova história com a Embrafilme) ... Aí houve um concurso dentro da Embra que o diretor que tivesse mais mídia ia ganhar verba prá fazer um filme, porque eles tinha um cara que queriam pôr, pessoa deles. Só que no acervo da Cinemateca, sem querer o cara da Embra deu uma olhada e viu que o que tinha de reportagem minha ia até o teto, aquilo ia mela tudo, aí teve lá o Mann... Sei lá ... ( Mojica meio que desconversa ou se perdeu mesmo na resposta) ... O Museu que eles cobriram e começaram pôr meu material que ia cobrir o teto todo, por zebra pegou incêndio e males dos males só queimou meu material, de nenhum outro diretor queimou, não queimou de ninguém da Embra, de ninguém do Rio. Saiu “incêndio” não sei o que e ninguém falou em incêndio criminoso, disseram que foi incêndio acidental, só queimando reportagens sobre José Mojica Marins. Foi realmente não só o fato de não me ajudarem, mas o fato de perseguição, porque eu nunca quis entrar na panela carioca. Sou amigo de muitos deles, mas não quero fazer parte de panela e a minha moral com eles como cinema ficou realmente por fora.
* essa entrevista, na integra, será publicada na revista "Voodoo" da Monstro Discos.
Pedidos com marciomechanics@unb.br

Monday, May 01, 2006

OUSADAS OBRAS-PRIMAS DO HORROR NO GRANDE OTELO

DIA 06 DE MAIO DE 2006
o pessoal que mora em Osasco (e porque não de toda a região, mais grande São Paulo, é só pegar e ir ao invés de ficar choramingando que no Brasil nada de bom é exibido) terá uma oportunidade única de conferir três ousadas obras-primas do horror no CINECLUBE GRANDE OTELO (que fica no Espaço Cultural Grande Otelo, rua Demetri Sansoud de Lavoud 100 - atrás da prefeitura - , Vila Campesina, Osasco/SP . Informações pelo fone: 3699-5618).
No programa serão exibidos:
- ODISHON (Audition, longa, 1999) de Takashi Miike.
- RUBBER JOHNNY (curta, 2005) de Chris Cunningham.
- ERASERHEAD (longa, 1977) de David Lynch.
todos devidamente legendados em português.
Minha sugestão ao pessoal que mora perto de Osasco é: VÁ!!! Não há como deixar uma oportunidade dessas passar em branco... "Audition" é um suspense magistralmente conduzido pelo gênio Takashi Miike (completamente diferente de suas obras-primas "Bizita Q.", "Ichi The Killer" ou "Fudoh", mas igualmente genial) e "Eraserhead" é simplesmente o único filme bom do xarope David Lynch (tá, tudo bem, o "Homem Elefante" também é cool). E o curta do Cunningham promete que, talvez (se a indústria cinematográfica não absorver o rapaz), teremos um grande cineasta de horror surgindo nos próximos anos.
maiores informações: